Um Livro lúcido contra a maré de mentiras!
Lembrando porque o terrorismo de esquerda foi tão nocivo quanto a ditadura no Brasil.
por J.Salles
Há quanto tempo vocês não lêem um livro didático de História, desses que são distribuídos avassaladoramente em tudo quanto é escola pública no Brasil? Um marxismo de algibeira difícil de agüentar: elogios ao socialismo (e execrando seus maiores inimigos, ou seja, os EUA), exaltação das tiranias cubana e chinesa, enaltecendo mitos e dogmas de esquerda, à semelhança dos informativos lançados pelos diretórios acadêmicos nas universidades. Estava coberto de razão o sr. Jarbas Passarinho quando disse, a respeito dos eventos ocorridos pós-64, que os militares venceram a luta armada contra os terroristas, mas perderam feio a guerra da comunicação. A partir da anistia ampla, geral e irrestrita, a campanha a favor dos valores comunistas ganhou cada vez mais força no Brasil, chegando a conquistar até mesmo boas consciências, quando finalmente ganharam o governo. Parece que se cumpriu a profecia do soviético luís carlos prestes: hoje a esquerda já detém o governo e o poder. Poder para corromper quase todos os congressistas do país, poder para espalhar pela mídia seus adeptos e porta-vozes, poder para incentivar o mst a fazer suas manobras ilegais, poder para fazer incessantemente a propaganda de suas idéias, imiscuindo-se nos meandros burocráticos do Estado e contaminando-o com sua doutrina estapafúrdia e autoritária. Livros são editados sobre o período dos governos militares, muitos deles sensacionalistas e escritos com revanchismo. Mas felizmente nos dias de hoje, como se fossem pequenas gotas num vasto oceano, quem for bom fuçador de livro pode encontrar alguns bons exemplares escritos sobre os eventos pré e pós-64 na História da República Brasileira. Agora nos chega uma impecável biografia – não, me recuso a falar que isso é uma biografia. É mais um livro de memórias, reminiscências, teorias e esclarecimentos do General Sylvio Frota, fervoroso defensor de 1964 e Ministro do Exército no governo Ernesto Geisel. Tendo sido um dos comandantes na luta contra o terror armado marxista, enquanto vivo o General Frota foi um dos homens mais perseguidos pelo ressentimento comunista. E estes, reis da falsa comunicação, construíram e legaram para a posteridade uma péssima imagem pública do homem-político Sylvio Frota. Eu mesmo, garotinho ainda, ouvia algumas pessoas comentando a respeito do ex-Ministro com certo temor. Pois certamente estavam influenciadas pela propaganda esquerdista, que legou ao bravo General a imagem de homem rude, brutal, torturador, etc. As memórias de Sylvio Frota, reunidas em livro graças a dedicação de seu filho Luiz Pragana da Costa, e a coragem dos historiadores Celso Castro e Maria Celina D´Araújo, chegou até nós editado por Jorge Zahar e é chamado Ideais Traídos, onde finalmente o General pôde, mesmo depois de morto, dar a sua versão dos fatos e revelar muito dos podres da esquerda, principalmente de leonel brizola, ex-governador de triste lembrança. A respeito de homens corretos, íntegros, altruístas e leais, os esquerdistas costumam atacar com as piores infâmias. “Linha-dura”, um dos epítetos mais marcantes que recebeu de seus inimigos. “Bronco e rude” seriam outros abjetos adjetivos com que tentaram esculhambar a imagem pública do General Sylvio Frota. Basta ler as primeiras páginas de Ideais Traídos para perceber que estamos diante de um homem culto e refinado, um ardoroso leitor dos eventos históricos, um defensor da ordem possível e sonhada pelos estados democráticos civilizados. Sobre a fama de “torturador”, a posição do ex-Ministro é muito clara: ele condena veementemente a prática da tortura, mas reconhece, ou por outra, achava compreensível que, na intensidade daquela guerra suja, ódios e rancores falassem mais alto – e controlar estes fortes sentimentos, naquele ambiente, era tarefa árdua e quase impossível de ser realizada pelos comandantes do combate às guerrilhas. Como parece ficar claro nesta passagem:
Oficiais jovens e sargentos, soldados arrojados e fervorosos adeptos da Revolução, foram escolhidos para participar desta operação [Operação Bandeirante]. Estes homens empreendiam dois tipos de missões – atacavam os esconderijos comunistas, denominados na gíria militar de “aparelhos”, e interrogavam os prisioneiros. É fácil compreender que, se lhes sobravam entusiasmo e bravura para ações do primeiro tipo, faltava-lhes serenidade e experiência para as inquirições. São ambas ações importantes que exigem, no entanto, qualidades muitas vezes antagônicas. Na árdua tarefa para obter a informação, o interrogatório é uma operação fundamental e delicada que pode evoluir da simples indagação ao bombardeio de perguntas ásperas e excitadas. Ele reclama inteligência e tranqüila persistência, antes da força e da coragem. Os homens que voltavam aos quartéis, com os nervos tensos, ainda sob a emoção de um choque armado em que pereceram ou foram feridos companheiros seus, como poderiam ter serenidade para inquirir adversários com os quais se engalfinharam momentos antes? E os vencidos, com o ódio reativado pela derrota e prisão, como reagiriam? Nesse ambiente de hostilidade e incompreensão recíproca partiam insultos de uns e violências de outros, e a violência é auto-excitável.
Exagero? Talvez não para quem conheça a listagem dos armamentos encontrados pelos agentes da Oban (entre 1968 e 1970), e que estavam em poder de várias facções da guerrilha comunista – armas e munições adquiridas com ajuda cubana do regime tirânico de fidel castro. Esta lista consta do próprio livro de Frota, como anexo, um documento vívido, cristalino:
. Metralhadoras: INA – 12 URKO – 6 SCHEMEYSSER – 1 Caseira – 15. Morteiros – 2. Fuzis FAL – 10 FO – 67. Sabres – 60. Carabinas – 28. Revólveres – 112. Pistolas – 57. Fábrica de armamento – 1. Munição – 12639. Bombas – 190. Gás Lacrimogêneo – 210 (cartuchos). Explosivos – 129 (quilos)
Como se vê, armas suficientes para explodir uma cidade! E ainda hoje professores e alunos universitários ficam bravos quando chamamos de terroristas aqueles a quem denominam “rebeldes”. Grande parte do livro Ideais Traídos trata a respeito da conturbada demissão do Ministro Frota por decisão do Presidente Geisel, pressionado por seus acólitos. As mágoas que sente pelo ex-chefe, a quem jurou – e cumpriu – lealdade enquanto esteve no ministério, a despeito de tudo que via e lhe contrariava, não se trata de simples ressentimento contra uma pessoa, é mais que isso, é até mesmo um estado de tristeza pela lembrança daqueles momentos em que não só a amizade e confiança com Geisel se degringolava, mas toda a cena política brasileira, os ideais que impulsionaram os homens de 1964 cada vez mais diluídos na vaidade que se apossou de grande parte dos militares que se acomodaram no poder. E o General Frota deixa bem claro em suas memórias que estas pessoas que arruinaram o sonho de 1964 não eram militares por vocação, mas oportunistas que ser aproveitavam das benesses que a farda, naqueles tempos, lhes proporcionavam. Sylvio Frota foi um digno representante da formação humanista da Escola Militar do Realengo:
As gerações que a cursaram nasceram republicanas. Vinham vibrantes do sentimento liberal-democrático que esturgia da queda do Império e trazia a consciência dos difíceis problemas da classe média à qual, em massa, pertenciam. As lides da caserna robusteceram-lhes o físico e a pregação cívica moldou-lhes as qualidades em virtudes militares.
Alguém pode imaginar o tamanho da estupefação deste homem, ao ver o que acontecia com o Brasil no início de sua velhice, na crescente avacalhação pós-anistia ampla, geral e irrestrita no final dos anos 1970? Em diversas passagens do livro o General Frota se coloca claramente contra a intervenção prolongada dos militares na política. Pelo contrário, via exatamente neste fato um motivo para a propagação da vaidade, que estava corroendo os belos ideais da tradição do Exército Brasileiro.
Julgo que o pensamento militar, desde a época em que pisei na saudosa Escola Militar do Realengo, vem descambando do idealismo para o pragmatismo, na confusão progressiva de princípios morais com interesses materiais. Isto forçá-lo-á a trocar, em breve tempo, aqueles por estes.(...) Esvaem-se, nos estertores da dignidade castrense, os últimos sentimentos puros que nos sustentavam nos momentos de amargura e nas situações de crise. A carreira das Armas tem complexidades que a singularizam. Funda-se em fatores espirituais, conquanto tenha como argumento decisivo a força material. Entretanto, o emprego só será legítimo se assentado em bases morais. Um chefe valoroso e digno não pode se deixar atordoar pela ambição, diluindo princípios na complacência com a bajulação, numa subserviência de agrado aos mantenedores do poder.
O livro Ideais Traídos termina com chave-de-ouro, no capítulo em que o General Frota dedica às suas reflexões sobre 1964. De forma alguma repele a necessidade do contra-golpe a João Goulart, um governante pusilânime que, como mostram provas incontestes, planejava um golpe branco para permanecer no poder. Sylvio Frota não se esquece da intensa comoção popular que impulsionou alguns bravos generais do Exército a livrar o país da corja comunista mancomunada com Goulart e seu lamentável cunhado (que não era parente...). Foi o apoio popular que legitimou o 31 de março de 1934. E quem pensa que tudo é exaltação se engana: General Frota não se furta de comentar os erros e descaminhos do pós-64, já no governo Castello Branco. A forte impressão que tive, é que o livro possui o título mais apropriado que poderia ter. E pertence a quem é realmente dedicado: à História. Pelo visto, os comunistas não conseguirão calar um de seus mais notáveis inimigos.